19/03/1973 -

Confronto entre Kaúlza de Arriaga e Sá Viana Rebelo sobre as prioridades de defesa em Moçambique.

Sá Viana Rebelo, ministro da Defesa, defendia a prioridade absoluta da defesa em Tete, por causa de Cahora Bassa, mesmo à custa do abandono do Norte (Niassa e Cabo Delgado).

Kaúlza de Arriaga reagiu a essa orientação com uma dura mensagem em que também revela que a situação estava fora de controlo em Tete: “Existe subversão na parte sul do Zambeze e istmo de Tete e progressão em direcção a Vila Pery. O nível de vida das populações, a sua dispersão, a sua vulnerabilidade psicológica, o limitadíssimo enquadramento administrativo, as reduzidas possibilidades policiais e o inimigo que dissolvendo-se na população torna muito difícil e escapa frequentemente à acção militar tem feito que elementos de reconhecimento da FRELIMO posteriormente seguidos pelos seus elementos armados continuem a progredir. A resolução do problema implica aldeamento para controlo e defesa das populações, o reforço da OPVDC, reforço de polícias e reforço das Forças Armadas.

Tudo isto está a fazer-se com os meios existentes em Moçambique não se sabendo, pelo menos o comandante-chefe não sabe, fazer melhor.

Sugestões do SGDN de quase abandono do Norte (Niassa e Cabo Delgado) não pode o actual comandante-chefe adoptá-las por muitos motivos, entre os quais o aparecimento real de áreas libertadas com possibilidade de estabelecimento de Governo da FRELIMO em Território Nacional.

Assim, entre outros, sugere-se reforço das Forças Armadas. Esse reforço seria automático se um comando-chefe único existisse para Angola e Moçambique”.