Congresso da Oposição Democrática em Aveiro.
O congresso decorreu de 4 a 8 de Abril, sob a presidência de Ruy Luís Gomes.
A Oposição realizou o seu congresso, que deixou de se chamar Republicano e passou a Democrático, dado estar aberto a todos os oposicionistas, incluindo os monárquicos.
Os objectivos reflectidos na declaração final foram o fim da Guerra Colonial, a luta contra o poder absoluto do capital monopolista, e a reconquista das liberdades democráticas.
Foi aprovada uma moção contra os crimes da Guerra Colonial e feito um minuto de silêncio de protesto pelos assassínios de Eduardo Mondlane e Amílcar Cabral. O slogan “Fim à Guerra Colonial” foi o mais gritado, mas nos bastidores aquilo que se debateu foi a “unidade das forças democráticas”, um tema caro ao PCP.
Pedir o fim da Guerra Colonial era justo e popular, mas não existia entre os oposicionistas a noção clara do que esse fim implicava.
A Oposição alheada da guerra
O congresso decorreu pouco antes do início do chamado inferno dos três G na Guiné, quando o PAIGC realizou a grande Operação Amílcar Cabral e atacou Guidage, Guileje e Gadamael, obrigando as forças portuguesas a retirar de Guileje e causando neste mês de 15 de Maio a 15 de Junho mais de meia centena de mortos às forças portuguesas. A Oposição Democrática portuguesa, no seu todo, ou através das várias correntes que a compunham, não tinha ideia do que se passava nos teatros de operações da guerra e a guerra e as consequências do seu fim não pareciam preocupar os oposicionistas. De tal modo que, durante o período em que um movimento de libertação (PAIGC) estava a obter significativas vitórias no terreno, não tenha havido contactos entre a Oposição exilada pelas capitais da Europa e de África e o PAIGC.
Sinal do incómodo que a questão colonial causava no seio da Oposição e do mau relacionamento que tinha com ela, é o facto de ter sido o Partido Comunista a única organização oposicionista portuguesa a estar presente nas cerimónias da independência da Guiné que o PAIGC levou a efeito na região de Madina do Boé.
Os oposicionistas portugueses também não procuraram aproximar-se dos militares e, no Verão de 1973, quando do seu regresso a Portugal, foi o general Spínola que tomou a iniciativa de falar com alguns conhecidos oposicionistas ligados ao Partido Socialista e com elementos do regime que se encontravam em ruptura, como era o caso da chamada Ala Liberal, sem que o assunto da guerra os tenha feito sair da sua apatia de conversas em círculo e de desconfianças mútuas.
Dois oficiais em comissão na Guiné apresentam a situação da Guiné a destacados membros da Oposição
Também no Verão de 1973, em meados de Julho, dois oficiais em comissão na Guiné, um do Quadro Permanente e outro miliciano e com estreitas ligações aos meios da Oposição, vieram a Lisboa e promoveram uma reunião no escritório do advogado Borges Coutinho com destacados elementos da Oposição para lhes expor a situação de derrota iminente na Guiné. A explicação foi registada com alguma displicência, sendo garantido que, caso os militares fizessem um golpe para derrubar o regime, teriam os melhores técnicos para assegurarem o Governo que se seguisse…