3/6/1973 e 4/6/1973 -

Pedido de retirada das forças portuguesas de Gadamael.

Nos dias 3 e 4 de Junho, Gadamael esteve sujeita a flagelações continuadas, com o rebentamento de mais de 200 granadas de morteiros de 120mm e canhões sem recuo que causaram seis mortos e oito feridos.

Além de todo o Batalhão de Caçadores Pára-quedistas no terreno, estavam no local várias unidades da Marinha e um grupo de assalto de Fuzileiros africanos. No dia 5 quatro botes do Destacamento de Fuzileiros Especiais 22, embarcações Sintex do Exército e meios das unidades navais do Task Group 6 evacuaram os mortos e feridos e ainda um “número incontrolável” de fugitivos (civis e militares) encontrados à entrada do rio para Gadamael.

Nesse dia, o comandante do COP 4, tenente-coronel Araújo e Sá, dos Pára-quedistas, assumiu o comando do COP 5.

A situação começava a ficar controlada e Gadamael foi mantida.

Os militares portuguesas sofreram, neste ataque a Gadamael, 24 mortos e 147 feridos.

Guidage, Guileje e Gadamael: os três G que marcaram o início do fim da guerra, ou “O Inferno da Guiné”

Durante o mês de Maio de 1973, a guerra na Guiné entrou num ponto de não retorno para as forças portuguesas. A manobra em tenaz que as unidades do PAIGC realizaram ao atacarem quase simultaneamente no Norte, em Guidage e no Sul, primeiro em Guileje e depois em Gadamael, revelaram que as Forças Armadas Portuguesas na Guiné tinham esgotado a sua capacidade de reacção a ataques combinados e de controlo do território.

As forças portuguesas que já tinham perdido a iniciativa táctica após a ocupação do Cantanhez nos finais de 1972, perderam neste mês a capacidade para resistirem e manterem-se em duas frentes. Obrigadas a empenharem o grosso das suas forças para manterem Guidage, já não dispunham de reservas para acorrer ao Sul.

O PAIGC, pelo seu lado, ficou a saber que dispunha de capacidade para desencadear dois ataques em força e vencer um. Depois de Marcelo Caetano ter impedido Spínola de negociar uma solução política, Senghor apoiava agora decididamente o PAIGC. Graças à intransigência de Caetano, o PAIGC dispunha agora de bases no Senegal e na Guiné-Conacri, de onde podia atacar simultaneamente.

Poderia repetir a manobra sucessivamente e iria fazê-lo no início de 1974 com o cerco a Canquelifá, onde o Batalhão de Comandos conseguiu resistir por duas vezes, mas se fosse aberta outra frente já não haveria reserva quando os Páraquedistas fossem empenhados.

Durante o mês de Maio e nestes grandes ataques a Guidage e a Guileje, as forças portuguesas sofreram 63 mortos e 270 feridos.

Não era possível a opinião pública portuguesa e os seus militares da Guiné aceitarem repetir este número de baixas numa guerra para a qual o poder político não apresentava qualquer solução.