04/06/1973 -

Memorando enviado ao chefe do Governo pelo general Kaúlza de Arriaga, afirmando que “o esforço inimigo, em Moçambique ou relacionado com este território, acentua-se cada vez mais”.

Prosseguia o general: “E aquele inimigo tem melhorado e aumentado muito as suas possibilidades, tudo indicando poder continuar a fazê-lo. É a infiltração constante de elementos inimigos e de muito material. É a subtileza chinesa que:

a. Por um lado, lhe confere capacidade para, cada vez mais a Sul, aliciar e preparar para a acção violenta massas populacionais sem que disso a nossa polícia se aperceba, em termos de poder actuar ou de conduzir à actuação das Forças Armadas;

b. Por outro lado, lhe confere capacidade para, também cada vez mais a Sul, realizar pequenas acções terroristas mas de grande projecção psicológica, logo seguidas de fuga muito bem preparada e normalmente de diluição nas populações com detecção quase impossível.

É o equipamento russo moderno, como bazookas, canhões sem recuo, RPG rebentando no ar, mísseis terra-terra de 122mm, metralhadoras antiaéreas e, brevemente, mísseis terra-ar auto dirigidos, etc., que:

a. Por um lado, lhe confere em relação a nós superioridade no combate terrestre.

b. Por outro, lhe permitirá, dentro de pouco tempo, criar dificuldades aos nossos meios aéreos. É a possibilidade do inimigo vir a empregar tropas regulares, lanchas equipadas com mísseis e torpedos e mesmo aviões. E é a tremenda propaganda e acção psicológica desenvolvida por todos os nossos adversários”. (Kaúlza de Arriaga, Guerra e Política, pp. 183-184).