17/07/1973 -

Convite do chanceler alemão, Willy Brandt, à FRELIMO para visitar Bona, como sinal da alteração da política alemã para com Portugal.

O convite destinava-se a discutir os massacres em Tete e uma delegação da FRELIMO constituída por Marcelino dos Santos, Armando Panguene e Matsinhe deslocou-se a Bona para uma visita de três dias, durante a qual foram recebidos por membros do Governo e dos partidos SPD (Social Democrata, no poder) e FDP (Liberal).

O ministro da Economia, Erhard Eppler, afirmou que o apoio económico a Portugal era feito na condição de acabar com a Guerra Colonial, acrescentando que “os portugueses têm de compreender que esta guerra não é mais possível nestes dias e nesta época”.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que a política da RFA em relação a África era a de apoiar a independência e a autodeterminação e condenar todas as formas de colonialismo.

Finalmente, mesmo ao nível militar foram evidentes as mudanças no apoio alemão. O subsecretário da Defesa alemão disse que a Força Aérea Alemã estava a planear reduzir a presença em Beja, dando como justificação a necessidade de racionalizar as suas operações.

Mas não era apenas a Alemanha a afastar-se de Portugal, também a Itália, outro aliado tradicional, expressou através dos canais diplomáticos a sua preocupação pela crise provocada pelos massacres de Tete.

O Senado da Bélgica aprovou a 1 de Agosto uma moção de três pontos em que reconhecia os actos de crueldade praticados pelas Forças Armadas Portuguesas em Moçambique, a necessidade da constituição de uma comissão de inquérito internacional, e o pedido para o Governo belga não fornecer armas a Portugal.

Também a 1 de Agosto o ministro dos Negócios Estrangeiros do Canadá deu uma conferência de imprensa sobre o assunto e o episcopado católico da Holanda enviou um telegrama ao Vaticano para que este apoiasse os esforços dos missionários que trabalhavam em Moçambique “a favor dos povos oprimidos”.

O primeiro-ministro australiano declarou a 18 de Agosto que o seu Governo usaria todos os meios humanitários para auxiliar a implantação de regimes de maioria na África Austral.

O Governo holandês interditou a visita de uma flotilha da NATO a Amesterdão porque integrava um navio português.

Ainda em Agosto (dia 2), o secretário-geral da Comissão Internacional de Juristas na ONU, Niall MacDermut, fez uma declaração sobre os métodos da polícia portuguesa em Moçambique utilizados nos interrogatórios de natureza política, referindo como exemplo a morte na prisão da Machava do pastor Manganhela ocorrida em Dezembro de 1972.

Contra esta avalancha de críticas vindas mesmo de aliados tradicionais, o Governo de Marcelo Caetano limitou-se a protestar junto de cada um deles.