30/07/1973 -

Directiva 25/73, do Comando-Chefe da Guiné, a última directiva operacional de Spínola, com o título “Conduta da Manobra na Época das Chuvas”.

Esta directiva foi a última emitida por Spínola, que terminou o seu mandato nesse mês e regressou a Portugal.

Foi ainda a directiva que se seguiu aos meses de grande crise de Maio e Junho, com os ataques a Guidage e a retirada de Guileje e antes da declaração de independência do PAIGC.

Nos aspectos condicionantes da manobra a directiva considera que, no plano externo, “desenha-se cada vez com mais clareza, especialmente ao nível da OUA, um clima altamente favorável ao empenhamento directo de forças africanas ao lado do PAIGC, apresentando-se o período de funcionamento da Assembleia Geral da ONU, em Setembro próximo, como o momento oportuno para desencadear um golpe político e militar decisivo sobre esta PU (Província Ultramarina)”.

No plano interno, “apesar de nítido agravamento da situação verificado no TO, mantém-se o nível geral de adesão das populações (…), mas é também sua tendência colocar-se do lado do mais forte…”

No campo militar, “o In tem evoluído progressiva e continuamente no seu conceito de manobra, concentrando forças para a conduta de operações do tipo clássico, sobre objectivos seleccionados, nas quais conjuga as concentrações maciças de fogo com as acções de envolvimento e também no seu potencial militar, tanto humano como material, com o emprego de mercenários e das modernas e eficientes armas dos arsenais russo e chinês.”

Neste quadro, Spínola levantava as seguintes possibilidades de actuação do PAIGC:

  • “Desencadeamento de acções de força e surpresa sobre um ou mais objectivos de fronteira;

  • Intensificação de acções de guerrilha no interior do TO que obriguem à fixação de forças”.

Julgava-se possível que o PAIGC pudesse:

  • “Desenvolver a actividade de guerrilha em todo o TO.

  • Generalizar o emprego de novas armas e meios.

  • Reduzir qualquer guarnição de fronteira, com maior probabilidade para Guidage, Pirada, Buruntuma, Aldeia Formosa e Gadamael.

  • Fixar-se solidamente no Boé, concentrando efectivos e populações para aí estabelecer a fisionomia dum “novo estado” a proclamar e a reconhecer.

  • Intensificar o esforço sobre as populações, procurando pela prova da força em acções contra a protecção conferida pelas NF, reduzir-lhe a confiança e o grau de adesão.

  • Realizar acções espectaculares de flagelação, sabotagem ou terrorismo, especialmente na Ilha de Bissau, que permitam exploração psicológica ou política.”

O comentário do Secretariado-Geral de Defesa Nacional em Lisboa a esta análise de Spínola foi:

“Embora se possa considerar uma visão algo pessimista da situação tem que admitir-se como possibilidade real de evolução”.