21/09/1973 -

Chegada a Bissau do general Bettencourt Rodrigues, novo governador e comandante-chefe.

Em 21 de Setembro de 1973, chegou a Bissau o novo governador, general Bettencourt Rodrigues, trazendo na sua carta de comando outra frase célebre de Marcelo Caetano: “Resistir até à exaustão dos meios”. Não queria ceder na Guiné para não abrir um precedente para as outras colónias, sobretudo Angola, a jóia da coroa, aceitando um desastre militar à semelhança do da Índia, mas aqui, provavelmente, com muito mais baixas.

Em 24 de Setembro de 1973, uns dias depois da chegada do governador, o PAIGC declarou a independência unilateral da Guiné-Bissau em Madina do Boé, que foi de imediato reconhecida por 72 países, mais do que aqueles com os quais Portugal mantinha relações diplomáticas.

Uma semana depois, a ONU aprovou uma resolução na qual considerava Portugal potência ocupante e o convidava a retirar.

Bettencourt Rodrigues, mal saído do comando da Zona Militar Leste de Angola, não conseguiu evitar a nomeação para substituir Spínola.

Marcelo Caetano, confrontado com a necessidade de encontrar um substituto para Spínola, lançou o repto aos ministros mais fiéis: escolher o pior dos generais, para apressar o fim da Guiné, ou o melhor. A opção pelo melhor deixou Bettencourt Rodrigues sem alternativa à aceitação, apesar do cansaço dos anos de Angola.

Ele aceitou os riscos da estratégia do Governo que admitia a resolução do problema guineense pela perda da colónia por uma derrota militar com o sacrifício da sua guarnição, se tal se tornasse necessário. Não levou consigo nenhuma ideia ou projecto para fazer face a uma situação que se agravava dia após dia. Limitou-se a procurar cumprir a “receita” marcelista: resistir até ao fim. A única preocupação que deve ter tido foi quando constatou que essa resistência não ia, com certeza, durar até ao final da sua comissão. Com efeito, a situação política e militar na Guiné, após a partida de Spínola, entrou em acelerada degradação. A pressão dos guerrilheiros do PAIGC, nas três zonas operacionais do teatro de operações, nomeadamente a Leste e a Sul, sobre as dispersas e desmoralizadas guarnições portuguesas, intensificou-se e só o 25 de Abril conseguiu evitar um completo desastre militar.