Carlos Fabião denuncia o golpe de Kaúlza de Arriaga numa aula no Instituto de Altos Estudos Militares.
Desde o seu regresso de Moçambique, Kaúlza de Arriaga seguiu com muita atenção a situação em Portugal. Apercebeu-se de que o enfraquecimento da posição de Marcelo Caetano era irreversível, e que crescia a contestação ao regime no seio das Forças Armadas.
Tornava-se por isso urgente criar uma alternativa, antes que os capitães pudessem organizar-se. Mesmo no seio do movimento tinha os seus apoios, em que devia incluir-se a grande maioria das tropas Pára-quedistas. A partir de Setembro procurou aliciar alguns generais e com eles planear uma intervenção na política.
Mas também o Movimento dos Capitães conhecia as pretensões dos generais. Depois de vários episódios, como o contacto com os generais escolhidos pelo movimento, Costa Gomes e Spínola, que não provocaram qualquer reacção, só restou a denúncia pública das intenções de Kaúlza de Arriaga e do seu grupo. Deste propósito foi encarregado Carlos Fabião, que frequentava um curso de formação em Pedrouços, no Instituto de Altos Estudos Militares. No final de uma aula pediu a palavra e fez uma denúncia pública do golpe que Kaúlza de Arriaga estava a preparar.
O escândalo teve repercussões imediatas e foi suficiente para fazer gorar qualquer iniciativa dos generais. Ficou por resolver o problema das repercussões que o caso teve no seio do movimento e continuava em aberto a dinamização de uma acção decisiva por parte dos capitães.