04/1964 -

Aproximação à FNLA da facção dissidente do MPLA chefiada por Viriato da Cruz e comunicado do GRAE sobre a aceitação nas suas fileiras da facção dissidente, já separada do movimento desde Julho de 1963.

Viriato da Cruz, afastado da liderança do MPLA com a chegada de Agostinho Neto a Kinshasa, em Dezembro de 1962, reunira cerca de 50 membros do MPLA, incluindo Matias Miguéis e Manuel Santos Lima, no sentido de disputar a liderança de Neto e levar o MPLA a juntar-se à FNLA/GRAE. Esta tentativa de “golpe” levou a cenas de violência entre os apoiantes de Viriato da Cruz e os que se mantinham fiéis a Agostinho Neto, sendo necessária a intervenção da polícia congolesa.

A disputa entre Viriato da Cruz e Agostinho Neto tem raízes mais profundas do que as do choque de personalidades ou até as das divergências sobre a questão racial. As raízes das divergências são eminentemente políticas: Viriato da Cruz defendia a autonomia do movimento anticolonial angolano em relação à luta anti-salazarista levada adiante pelo Partido Comunista Português e Agostinho Neto tinha sido um dos estudantes universitários explicitamente citados por Viriato da Cruz como tendo dificuldades em se libertar totalmente de sua parte portuguesa.

A rivalidade crescente com Agostinho Neto implicava problemas de liderança, mas devia-se, acima de tudo, a questões relacionadas com trajectórias diferenciadas e condicionamentos resultantes de perspectivas opostas quanto ao desenvolvimento da luta pela independência. Foram essas divergências que os levaram a confrontarem-se, mal Agostinho Neto chegou a Kinshasa e ganhou a liderança do MPLA, afastando Viriato da Cruz e conduzindo à saída de outros dirigentes