08/05/1964 -

Deliberação do Conselho de Ministros sobre a nomeação do brigadeiro Arnaldo Schultz para o cargo de governador-geral da Província da Guiné e comandante-chefe das Forças Armadas na Guiné. Tomará posse dos cargos em 20 de Maio.

Arnaldo Schultz substituiu o comandante Vasco Rodrigues como governador e o brigadeiro Louro de Sousa como comandante-chefe. A acumulação de funções civis e militares manter-se-á na Guiné até ao final da guerra. Num território de reduzidas dimensões e com as acções militares a alastrarem, com uma população tão diferenciada etnicamente e que era necessário manter sob controlo português, jogando com as suas rivalidades, esta foi a solução mais eficaz para evitar duplicações de esforços e disputas estéreis entre dois poderes, como sucedeu com Vasco Rodrigues e Louro de Sousa.

Arnaldo Schultz

Arnaldo Schultz, que seria promovido a general em Setembro, era um típico oficial do regime, tinha sido instrutor da Mocidade Portuguesa no Batalhão de Caçadores 5, ministro do Interior do salazarismo de 1958 a 1961, passou como coronel sem história pelo comando de um sector operacional em Angola e Salazar nomeou-o para substituir o brigadeiro Louro de Sousa como comandante-chefe e o comandante Vasco Rodrigues como governador. Louro de Sousa e Vasco Rodrigues não se entendiam, e a solução de Salazar foi demiti-los a ambos e nomear um homem da sua confiança para acumular os dois cargos.

A situação na Guiné piorava desde o início das acções violentas do PAIGC em Janeiro de 1963. Em meados de 1964, quando Schultz chegou a Bissau, os guerrilheiros de Amílcar Cabral dominavam boa parte do Sul, sob as ordens de Nino Vieira, que escapara da ilha do Como. Durante o seu comando, Schultz recebeu consideráveis reforços, mas não conseguiu travar a progressão da guerrilha e as forças portuguesas perderam a iniciativa.