05/12/1964 -

Comunicado de Humberto Delgado em Argel.

O general Humberto Delgado emitiu um comunicado como presidente da Frente Portuguesa de Libertação Nacional contra o aproveitamento que o Partido Comunista fez das facilidades que lhe tinham sido concedidas pelo Governo argelino como presidente da Oposição portuguesa e as tentativas de controlo das suas actividades.

A 15 de Dezembro, Delgado apresentou um memorando ao delegado do Governo argelino sobre perturbações no seio da Oposição portuguesa em que retirava a qualidade de representantes da Oposição aos militantes do PCP que tinham vindo à Argélia para a terceira conferência da FPLN, que não se chegou a realizar por falta de representantes de outras correntes que não os comunistas.

A 18 de Dezembro, o Governo argelino impediu Delgado de realizar uma conferência de imprensa sobre o “rompimento” político da FPLN. A principal divergência entre Delgado e o PCP residia na decisão de lançar acções armadas contra o regime de Salazar, que o general defendia energicamente, em contraste com a continuação da luta política que o PCP propunha. Esta opção de Delgado pela luta armada ficaria bem expressa na sua mensagem de fim de ano dirigida ao povo português a partir de Argel: “Sabeis também a esta hora que tive oportunidade de reunir novamente, algures na Europa, elementos representativos dos sectores que desejam a revolução a prazo curto.

(…) Portugueses! A Frente Portuguesa que chefio, e cujas operações militares comandarei, logo que rebente a luta, pretende desencadear a revolta muito proximamente. Para o efeito, teve no último semestre de 1964 duas reuniões no estrangeiro, com elementos do interior e do exterior. Nessas reuniões procurou-se ganhar o tempo perdido em discussões estéreis entre opiniões muito afastadas”.