13/01/1964 -

Chegada a Dar es Salam de 40 instrutores da Força Aérea da Alemanha Federal.

Quarenta membros da Força Aérea da Alemanha Federal chegaram a Dar es Salam, na Tanzânia, para ministrar instrução ao pessoal da Air Wing da Tanzânia. A instrução seria ministrada em aviões Piaggio, italianos.

Ainda relativamente à Tanzânia, o presidente Nyerere anunciou um empréstimo da Grã-Bretanha no valor de 6 750 000 libras, uma quantia que cobrirá 80% do custo de 217 projectos previstos no plano de fomento para os dois anos seguintes.

Os países europeus ocidentais mantiveram acções de cooperação muito estreitos com a maior parte dos países recém-independentes, incluindo cooperação militar e cooperação económico-financeira durante os primeiros anos a seguir às independências. Nestes anos, empresas e consórcios ocidentais estiveram envolvidos e conduziram os maiores projectos económicos em África, como foram as barragens de Kariba na Rodésia/Zâmbia, a barragem no rio Kafue na Zâmbia e o pipeline da Tanzânia até ao copperbelt da Zâmbia.

Aos poucos, estas relações foram sendo substituídas pelas relações privilegiadas com países do Bloco de Leste e com a China, e quer a Europa quer os EUA surgiram como inimigos dos povos africanos.

As explicações para a continuada diminuição de influência da Europa Ocidental e dos EUA juntos dos novos países africanos tem múltiplas causas.

 

A vitória do Leste na África pós-colonial ou o marxismo como proposta tentadora

Numa época de intensa luta ideológica, o marxismo surgia como uma proposta tentadora para os líderes africanos na construção do “homem novo africano”.

No âmbito do conflito Leste-Oeste, a URSS e os seus aliados surgiam de “mãos limpas”, quanto aos pecados do colonialismo, pois nenhum dos
países de Leste foi potência colonial. Num momento em que as novas nações tinham necessidade de se afirmarem como Estados e o faziam pelo caminho mais fácil de criar novas elites a partir do aparelho militar e da centralização da economia e apropriação dos seus meios de produção, o Bloco de Leste tinha disponível um excedente de material de guerra de baixa tecnologia e baixo custo e tinha um pacote de soluções político-económicas adequadas às ambições dos novos poderes.

O fornecimento de material de guerra e de marxismo foi assim uma das principais vias de aproximação dos países aliados da URSS e da China aos novos Estados. O Ocidente não podia competir nos preços e não tinha uma ideologia justificativa para as vendas de material militar. O Ocidente estava bloqueado por uma contradição da qual não tinha como sair: os seus fornecedores de material de guerra eram inimigos dos seus vendedores de ideologia. A direita europeia vendia armas, mas era capitalista e antimarxista e a esquerda europeia era marxista e anticapitalista, mas pacifista.

 

O papel comprometedor de Portugal, da África do Sul e da Rodésia

Resta ainda por explicar a perda de influência do Ocidente em África e as relações dos países ocidentais com Portugal, a Rodésia e a África do Sul que, sendo embora de condenação formal, nunca surgiram aos olhos dos novos líderes africanos como de oposição frontal. Para os africanos, o regime de apartheid da África do Sul foi tolerado e até apoiado pelos ocidentais. A Guerra Colonial que Portugal conduzia em Angola, Guiné e Moçambique era apoiada pelos aliados ocidentais e a independência unilateral da Rodésia de Ian Smith só foi possível e só se
manteve porque os ocidentais assim quiseram. Portugal foi o elo mais fraco no teatro secundário da Guerra Fria que a África constituiu.