19/03/1965 -

Silva e Cunha substitui Peixoto Correia na pasta do Ultramar.

Silva e Cunha substituiu o comandante Peixoto Correia, de quem tinha sido secretário de Estado da Administração Ultramarina.

A nomeação de Silva e Cunha para ministro do Ultramar é reveladora dos equilíbrios entre as facções do regime que Salazar respeitava na formação dos seus governos. Silva e Cunha era um fiel de Marcelo Caetano, que fazia a sua travessia do deserto pela universidade e pela consultoria jurídica.

Aos 24 anos, Silva e Cunha tinha sido secretário pessoal de Marcelo em 1944, quando este fora ministro das Colónias. Tinha-o acompanhado numa viagem a África, fora secretário de Estado da Administração Ultramarina a partir de 1962, quando Peixoto Correia substituiu Adriano Moreira, e, nestas funções, responsável pela Lei Orgânica do Ultramar. Apesar de classificar a Lei Orgânica do Ultramar como “autonomizante”, Silva e Cunha foi considerado um “ultramarinista centralizador”, que tinha a concepção do Ultramar dirigido da torre do respectivo ministério no Restelo, que ele inaugurou em 1966.

Considerava os governadores das províncias como meros funcionários que executam políticas e directivas do Governo.

Foi um dos grandes adeptos da construção da barragem de Cahora Bassa, como penhor da manutenção da política colonial portuguesa.

Nos últimos anos do Governo de Marcelo Caetano, quando era já visível que mesmo em muitos sectores do regime existia a necessidade de encontrar um solução política para o Ultramar, Silva e Cunha teve de ser substituído no cargo, sendo transferido para ministro da Defesa. Calhou-lhe ser o responsável político pela publicação do livro “Portugal e o Futuro”, de Spínola, mas, com a tibieza que sempre manifestou ao longo da carreira e o temor pelos riscos, eximiu-se a assumir, quer a autorizar, quer a recusar, a publicação, remetendo essa responsabilidade para Costa Gomes, o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas.