21/05/1965 -

Assalto à sede da Sociedade Portuguesa de Escritores, em Lisboa, na sequência da
atribuição do Grande Prémio de Novelística a Luandino Vieira.

A Sociedade Portuguesa de Escritores, presidida por Jacinto Prado Coelho, atribuiu um prémio literário a Luandino Vieira, nome literário do independentista angolano José Vieira Mateus Graça, pelo seu livro Luuanda. Este facto levou a vários protestos de grupos ligados ao regime e à defesa do Ultramar.

A sede da SPE foi assaltada por legionários. A Sociedade Portuguesa de Escritores foi posteriormente dissolvida por despacho do ministro da Educação Nacional, Inocêncio Galvão Teles. Luandino Vieira estava na altura no Tarrafal a cumprir pena e o regime não tolerou a atitude de provocação e desafio da Sociedade Portuguesa de Escritores, que seria extinta e só reapareceria após o 25 de Abril com a designação de Associação Portuguesa de Escritores.

Os fiéis de Salazar e o desespero do fim

Mas o que o assalto à sede da SPE e a sua dissolução revelam é o aumento da intolerância e da violência de que o regime deu abundantes provas nos últimos anos de Governo de Salazar, como se os fiéis de Salazar, antecipando o próximo fim do seu protector, estivessem acometidos da violência dos desesperados.