Encontro secreto entre Salazar e Tchombé em Lisboa.
Após a intervenção das tropas do Congo no Catanga para dominarem a tentativa de independência da província rebelde, Tchombé fugiu para Espanha e, com o apoio de países ocidentais, ainda tentou regressar ao poder. Portugal era um dos países mais interessados em ter um aliado na fronteira norte de Angola e é por isso que Tchombé foi recebido por Salazar. Mas Mobutu, com o seu golpe pró-ocidental, tornou Tchombé inútil, excepto para Portugal, que ainda tentou organizar um golpe para derrubar o novo senhor do Congo que tinha afastado o presidente Kasabuvu.
Uma operação para afastar Mobutu
A PIDE planeou uma operação para recolocar Tchombé no poder. Nessa operação estiveram envolvidos mercenários belgas, franceses, norte-americanos, espanhóis, sul-africanos e rodesianos, e, como sempre, a Union Minière du Haut Katanga.
Os mercenários belgas, 350 homens, seriam comandados pelo general Delperdange e os franceses, 200 homens, seriam comandados pelo coronel Bob Denard, os sul-africanos e rodesianos, 300 homens, comandados pelo coronel John Peeters.
Lisboa e Luanda seriam os principais pontos de apoio da operação, com a supervisão da PIDE.
O golpe de Estado devia ter início em Elisabethville e alastrar depois por todo o país. Na execução do golpe, Tchombé deveria seguir para a sua antiga província do Catanga a partir de um avião Super Constelation estacionado em Lisboa.
A operação abortou, segundo a versão oficial, por uma fuga de informação que teria alertado Mobutu. Julga-se que a verdadeira razão terá sido a oposição dos países ocidentais, de quem Mobutu se aproximara e a quem garantira a protecção dos seus interesses. O que de facto fez durante quase quarenta anos.