14/06/1965 -
Primeira mina antipessoal em Moçambique.
A primeira mina antipessoal colocada em Moçambique foi accionada por elementos das forças portuguesas na zona de Cobué, Niassa. De Junho de 1964 a Junho de 1970 serão detectadas 5290 em Moçambique, das quais 1894 accionadas.
A guerra das minas
As minas foram uma das mais temidas, senão a mais temida de todas as acções de guerra que os militares portugueses enfrentaram. Utilizadas de forma isolada, ou conjugadas com emboscadas, as minas limitaram fortemente a mobilidade das forças portuguesas em acções tácticas e logísticas, quer estas se deslocassem em viatura ou a pé. Foram responsáveis por atrasos nos reabastecimentos, por destruições em viaturas e, acima de tudo, por uma elevada percentagem de baixas.
Embora a estatística não esteja feita, as amostragens retiradas de relatórios de comando dos três teatros de operações permitem considerar que no mínimo 50% das baixas portuguesas (mortos e feridos) foram provocadas por engenhos explosivos.
As forças portuguesas também fizeram largo uso de minas e engenhos explosivos. Utilizavam-nas basicamente em três situações:
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Para proteger as suas instalações, criando campos de minas à volta dos seus quartéis e bases;
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Para proteger as tropas em operações, armadilhando os itinerários que conduziam aos seus estacionamentos temporários, normalmente durante a noite;
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Para provocarem baixas, armadilhando itinerários e zonas de passagem provável de guerrilheiros, conjugando essas armadilhas com emboscadas.
Tipos de minas
Os movimentos de libertação utilizaram minas antipessoal (A/P), minas anticarro (A/C) e também “engenhos explosivos improvisados”, ou “fornilhos” , quase sempre construídos com granadas não rebentadas, bombas de avião, conjugados com explosivos e accionados por um mecanismo de explosão – um detonador eléctrico ou pirotécnico. Os “fornilhos” eram colocados nos itinerários e conjugavam o efeito das minas anticarro com as minas antipessoal. Na Guiné foram utilizadas minas aquáticas nos rios que chegaram a inutilizar lanchas.
Em Angola e Moçambique as linhas de caminho-de-ferro sofreram também a acção de minas.
História da utilização das minas
A primeira mina empregue pelos movimentos de libertação contra as forças portuguesas foi uma mina antipessoal (A/P) detectada no Norte de Angola, a 6 de Junho de 1962, na estrada Zala-Vila Pimpa. A primeira mina anticarro (A/C) surgiu seis dias depois, a 12 de Junho de 1962, na pista da povoação do Bembe, também em Angola.
Em 1963 a colocação de engenhos explosivos estendeu-se ao Leste e a Cabinda. Na Guiné a primeira mina foi uma A/C colocada na estrada Fulacunda-S. João, em Julho de 1963.
Em Moçambique o aparecimento dos engenhos explosivos e das minas ocorreu no ano de 1965. Os engenhos explosivos surgiram a 29 de Maio, em Nova Coimbra, na zona de Vila Cabral (Niassa), e a 4 Julho, em Nancatari, a sul de Mueda, na zona de Cabo Delgado.
A primeira mina antipesoal (A/P) foi accionada a 14 de Junho no Cobué (Niassa) e a primeira mina anticarro (A/C) a 10 de Outubro no Sagal, na estrada Mueda-Mocímboa da Praia.