Marcelo Caetano preconiza uma modificação constitucional com vista a transformar o Estado unitário em Estado federal.
Uma disputa de posições dentro da nomenclatura do regime
A ideia de que Marcelo Caetano defendeu uma solução federal para a relação do Estado português com as suas colónias resulta de um conflito pessoal e de interesses entre ele e Adriano Moreira.
Marcelo Caetano, então reitor da Universidade de Lisboa, enviou um memorando confidencial ao Governo, no qual levantava essa hipótese. Adriano Moreira, então ministro do Ultramar, e em conflito pessoal com Marcelo Caetano, aproveitou essa proposta/sugestão para, através de uma fuga de informação, denegrir o patriotismo do futuro presidente do Conselho, procurando assim captar as simpatias da ala mais conservadora do regime.
A falta de soluções de Caetano
No entanto, e apesar desta posição de abandono do modelo de Estado unitário que considerava caduco, Marcelo Caetano, quando assumiu a chefia do Governo, nunca disse claramente ao país como pretendia resolver a questão ultramarina: se resistindo militarmente, se negociando a paz baseada numa independência progressiva e diferenciada conforme os territórios, se apostando numa federação de laços exíguos, como a Commonwealth britânica, com a qual sonhara num passado muito próximo. Hoje subsistem algumas fantasias sobre as suas reais intenções. Sendo certo que negociou directamente com os movimentos de libertação, não é fácil saber o que realmente queria.
Também procurou substituir Américo Tomás, para enfraquecer a posição institucional dos “ultras” no aparelho do regime, mas continua a desconhecer-se quem eram as suas escolhas. Procurou ainda promover as verdadeiras reformas de que o país precisava, mas não se sabe quais elas eram exactamente.