27/03/1962 -

Formação da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), a partir da UPA e do PDA (Partido Democrático de Angola). Alguns dias depois, Holden Roberto anunciou a criação do GRAE (Governo Revolucionário de Angola no Exílio).

Holden Roberto, que nasceu em Mbanza Kongo, ex-São Salvador província do Zaire, a 12 de Janeiro de 1923, e morreu em Luanda em Agosto de 2007, era neto de um dos primeiros evangelistas negros do ex-Congo Belga. Passou a sua infância e fez os estudos secundários em Leopoldville.

Aqui, foi muito cedo recrutado pelas organizações missionárias americanas ligadas à CIA, como a Fellowship of Reconciliation e o American Committee on Africa, que o introduziram no circuito dos nacionalistas africanos.

O chefe de uma destas igrejas, o reverendo metodista da Igreja Unida da América e Canadá George Houster, promoveu a ida de Holden Roberto à I Conferência dos Povos Africanos, que se realizou em Acra, no Gana, em Dezembro de 1958, como representante dos povos angolanos, e em 1959 apresentou-o a John Kennedy, então senador.

 Holden Roberto estava lançado internacionalmente como chefe de um movimento de libertação dos povos de Angola e, a partir daí, iria mobilizar consideráveis apoios políticos e diplomáticos. No fim da Conferência dos Povos Africanos, com o pseudónimo de José Gilmore, foi eleito membro do Steering Committee (Comité Director). Em 1959, viajou para os Estados Unidos da América via Gana, como membro da delegação da Guiné-Conacri, para ser peticionário junto do Conselho de Tutela da ONU (4ª Comissão) na denúncia do colonialismo em Angola. A 14ª sessão da Assembleia Geral da ONU criticou e condenou a política ultramarina portuguesa e fez uma petição a Portugal no sentido de dar a conhecer a evolução das medidas já tomadas e previstas no artigo 73º da Carta das Nações Unidas, tendo em vista a autodeterminação dos territórios africanos ainda sob a sua administração.

Em meados de 1960, Holden Roberto, como presidente da UPA, que substituíra a União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), uma organização de povos bacongos, para lhe retirar o carácter tribal, assinou um acordo com o MPLA, que rompeu passados seis meses, decidindo assumir por si só a liderança da luta contra o colonialismo português.

A sua grande acção teve início no dia 15 de Março, no Norte de Angola, com o assalto às fazendas de café e a matança indiscriminada de colonos brancos e trabalhadores negros bailundos. A brutalidade e a ausência de finalidade desta acção, em que os objectivos políticos e militares nunca foram esclarecidos, mancharam toda a subsequente luta anticolonial e forneceram ao regime português as imagens de horror e barbárie que lhe permitiram apelar à mobilização para a guerra.

Em 1962, criou a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), da qual se tornou presidente. Esta organização constituiu o Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE), onde Jonas Savimbi surgiu como ministro dos Negócios Estrangeiros. Holden Roberto manteve sempre uma estreita ligação com Mobutu, presidente do Zaire, país em que se instalaram as bases do movimento. Embora tenha recebido armas dos países de Leste, a sua ligação privilegiada foi sempre com os EUA, que lhe pagavam uma avença anual e forneciam conselho técnico, inclusive com a presença de agentes nas suas bases.

Guerrilheiros num campo de instrução da UPA. [FE]