17/04/1962 -

Continuação da agitação estudantil em diversas universidades portuguesas.

A agitação estudantil intensificou-se e alguns directores de faculdades demitiram-se em protesto. Correram rumores de tumultos sérios para o 1º de Maio. Em Conselho de Ministros Salazar diz: “Muitos vão precisar de injecções de vitaminas”.

Analisando a acção que atribuía aos comunistas toda a agitação, comenta: “Se nada fizermos, antes de dez anos eles estão sentados a esta mesa”. Só errou por dois anos!

A crise académica de 1962 constituiu uma das expressões mais marcantes da resistência estudantil à ditadura. De algum modo foi a primeira das grandes lutas dos estudantes que varreram a Europa na década de sessenta, facto que resulta inteiramente lógico perante o denso nó de contradições da sociedade portuguesa, agora acentuadas pela Guerra Colonial.

O “Luto Académico”, lançado pela Reunião Inter-Associações, em 26 de Março, com a criativa palavra de ordem “ofenderam-te, enluta-te!”, com a ocupação de instalações, gigantescos plenários e concentrações, desfiles e manifestações dentro e fora dos recintos universitários, envolveu sobretudo as universidades de
Lisboa e Coimbra, mas também a do Porto.

Durante este confronto, a repressão fez-se sentir de forma violenta.

Instalações associativas e académicas foram cercadas, invadidas ou mesmo encerradas.

Muitos estudantes foram presos.

Alguns dos protagonistas desta crise vieram a desempenhar papéis importantes no regime democrático, na cultura e na ciência, como Jorge Sampaio, Eurico de Figueiredo, Isabel do Carmo, Victor Wengrovious, entre tantos outros.

Protestos de estudantes na Cidade Universitária, em Lisboa. [DGARQ-TT-O Século]