11/11/1965 -

Proclamação da independência unilateral da Rodésia (UDI) por Ian Smith, com apoio da minoria branca.

Portugal, Rodésia e África do Sul

Ian Smith, primeiro-ministro da Rodésia, anunciou a independência unilateral da Rodésia, com a separação da Grã-Bretanha. Com este anúncio desafiou o mundo – os britânicos, a Commonwealth e as Nações Unidas, e envolveu Portugal na sua política.

A declaração unilateral de independência da Rodésia teve um impacto decisivo na evolução da situação política e militar em Moçambique  durante toda a guerra, mas, além de condicionar a situação militar, em particular na zona de Tete, a instauração de um regime de minoria branca na Rodésia ao lado do regime de apartheid da África do Sul conduziu a uma aliança de interesses com Portugal. A independência da Rodésia influenciou as relações de Portugal com a Grã-Bretanha e criou as condições para um triângulo de acção estratégica entre Portugal, a Rodésia e a África do Sul, cujo objectivo era a constituição de uma zona de supremacia branca na África Austral. Até ao 25 de Abril de 1974, a cooperação entre os três países foi profunda e assumiu formas de acção militar directa, com a participação de unidades rodesianas e sul- africanas em operações de combate, quer em Angola quer em Moçambique.

Primeiras reacções

Tudo começou em 1964, quando os dois territórios do Norte da Federação da Rodésia e Niassalândia alcançaram a independência com governos de maioria negra, dando origem ao Malawi (antiga Niassalândia) e à Zâmbia (antiga Rodésia do Norte). A Grã-Bretanha previu que os mais de 100 000 brancos da Rodésia do Sul, que controlavam a colónia embora constituíssem uma minoria, tentassem estabelecer um Estado branco. O primeiro-ministro inglês, Harold Wilson, salientou em Outubro de 1964 que as condições do seu Governo para a independência eram as de levarem a uma regra da maioria, à melhoria do estatuto político dos africanos, o fim da discriminação racial e a manifestação da vontade de toda a população, usando o referendo. Em vez de aceitar estas condições, a 11 de Novembro 1965, o primeiro-ministro Ian Smith fez em Salisbúria a solene declaração de independência unilateral. O Conselho de Segurança das Nações Unidas retaliou a 20 de Novembro, decretando um regime de sanções voluntárias, pediu o não reconhecimento do novo Estado e decretou um embargo ao fornecimento de petróleo à Rodésia.

Esta resolução serviu de base legal para a Grã-Bretanha justificar as operações de intercepção a navios que se dirigiam ao porto da Beira, com possíveis carregamentos destinados à Rodésia. Iniciou-se então o Bloqueio do Porto da Beira, uma operação que os ingleses designaram por Beira Patrol.