Criação da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), presidida por Eduardo Mondlane.
A FRELIMO foi criada numa reunião no interior de Moçambique dos três agrupamentos políticos que se tinham constituído contra o colonialismo português em países limítrofes – a UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique, fundada em 1960, em Salisbúria, na Rodésia), a MANU (União Nacional Africana de Moçambique, criada em 1961, na Tanzânia) e a UNAMI (União Nacional Africana de Moçambique Independente, também surgida em 1961, no Malawi), aos quais se juntaram organizações de moçambicanos que se encontravam no próprio território. Estes movimentos unificaram os seus esforços no seio da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e escolheram como líder Eduardo Mondlane, assassinado sete anos mais tarde.
A MANU era uma organização composta essencialmente por macondes, com raízes em Cabo Delgado, etnia que possuía, no início dos anos sessenta, cerca de 250 000 membros a viver, ou nascidos e criados, na Tanzânia, Zanzibar e Quénia. A semelhança do nome com o do partido único do regime de Dar es Salam, TANU (Tanzania African National Union), não era acidental. A MANU era um movimento inspirado, orientado e da preferência das autoridades tanzanianas, nomeadamente do então presidente Julius Nyerere, que sempre se mostrou adverso às consideradas “tendências radicais” da UDENAMO, ligada e financiada pelo Gana de Kwame Nkrumah, a grande figura orientadora das independências africanas naquela altura. Nas origens da MANU está a Sociedade dos Africanos de Moçambique, cujas reivindicações sociais e laborais tinham provocado o massacre de Mueda em 1960.
A UNAMI era um movimento com origem nos mineiros do carvão de Tete, maioritariamente exilados no Malawi e teve sempre pouca expressão como organização autónoma.
A permanência destes movimentos numa organização unitária foi sempre turbulenta, e os seus dirigentes nunca nela tiveram cargos importantes, acabando mesmo alguns deles por ser expulsos.
As lutas intestinas que dilaceraram a FRELIMO nos primeiros anos eram motivadas sobretudo pela desconfiança das bases numa liderança shangana e sulista, tida como colaboracionista do regime colonial e dos EUA, o que levou os macondes, leais à MANU, a fazerem a primeira incursão armada em Moçambique, contra a Missão Católica de Nangololo, que se saldou pela morte de um padre holandês.
Para além dessa operação, que a FRELIMO classificou como acto de banditismo, não há registo de qualquer outra actividade militar posterior da MANU na guerra da independência, onde a FRELIMO teve sem dúvida o maior quinhão, seguida, de muito longe, pelo COREMO (Comité Revolucionário de Moçambique).
O COREMO iniciou a “sua” guerra em Tete, não conseguindo penetrar, apesar de várias tentativas, na Zambézia. Começou a desmembrar-se, militar e politicamente, em meados de 1968, quando um dos seus mais proeminentes quadros, Mazungo Bob, foi morto em combate perto da fronteira com a Zâmbia.
Diversos confrontos armados entre a FRELIMO e o COREMO foram também registados, o primeiro dos quais ocorreu em 1968. O movimento então liderado por Samora Machel veio a prender vários quadros da organização rival em 1970, e dois comandantes militares e o tesoureiro do COREMO foram mortos em 1972 numa emboscada da FRELIMO.
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