Encerramento, em Luanda, da Sociedade Cultural de Angola.
A Sociedade Cultural de Angola tinha sido fundada em 1942, por Cruz Malpique.
A sociedade editava o jornal Cultura, um veículo para os escritores, poetas e ensaístas de Angola tratarem temas angolanos. Muitos destes intelectuais faziam parte de movimentos culturais e políticos que se desenvolveram a partir do final da II Guerra Mundial, como o Descobrir Angola, Mensagem e Cultura e alguns pagaram essa participação com a prisão no campo de concentração do Tarrafal, outros seguiram a via da guerrilha.
Este movimento, que percorreu as cidades de Angola para discussão de temas angolanos, ficou conhecido como “Movimento dos Novos Intelectuais de Angola”.
Apesar das dificuldades causadas por problemas políticos, o início dos anos 60 foi caracterizado pelo aumento de publicações de autores angolanos. Nesse período foram publicadas obras de Mário António, Arnaldo Santos, Viriato da Cruz, António Cardoso, Costa Andrade, Manuel Lima, Agostinho Neto, António Jacinto e Alexandre Dáskalos. Com o agravamento da Guerra Colonial, o poder colonial endureceu o seu controlo e, através da PIDE, começou a encerrar as actividades das agremiações culturais, prendendo e ameaçando os seus principais dirigentes. Desse modo foram fechados em Luanda a Sociedade Cultural de Angola, o Cine Clube de Luanda e a Associação dos Naturais de Angola, enquanto que em Portugal, a Casa dos Estudantes do Império (CEI) e a Sociedade Portuguesa de Escritores também tiveram as suas actividades proibidas.
O encerramento da Sociedade Cultural de Angola tinha sido ordenado por portaria. O recurso apresentado pelos dirigentes da sociedade a solicitar a anulação da portaria só viria a ser apreciado em Conselho do Governo de Angola em 26 de Outubro de 1974!