Encontros entre Ian Smith, Jorge Jardim e o embaixador Freitas Cruz sobre a questão do bloqueio ao porto da Beira.
Estes encontros tinham a ver com a crise gerada pelos incidentes provocados pelos navios Joanna V e Manuela que furaram o bloqueio montado pela Grã-Bretanha ao porto da Beira para impedir o fornecimento de petróleo à Rodésia.
No dia 5 de Abril o embaixador britânico em Lisboa, Archibald Ross, apresentou um protesto formal contra a cumplicidade portuguesa; no dia seguinte chegou a Lisboa o ministro de Estado do Foreign Office, Lord Watson, para conversações tendentes a inverter a posição portuguesa face à Rodésia e alertando para o perigo dum conflito na zona.
O primeiro-ministro britânico, Harold Wilson, avisou Salazar de que a descarga de petróleo do navio Joanna V “seria a primeira e a última que se faria na Beira”, o que foi entendido por Salazar como uma séria advertência.
Salazar não podia correr o risco de ver os ingleses desembarcarem na Beira, não podia colocar as forças armadas numa situação idêntica à da Índia, apesar do ministro da Defesa, Gomes de Araújo, lhe garantir que “Goa não se repetirá!” Salazar tinha de salvar a face, sem afrontar os ingleses nem desamparar Ian Smith, a quem prometera apoio na declaração de independência.
As conversações que Freitas Cruz e Jorge Jardim conduziram com Ian Smith em Salisbúria tiveram como objectivo encontrar uma saída honrosa para Portugal sem obrigar Salazar a correr riscos.
Ian Smith acabou por aceitar fazer uma declaração a dizer que a Rodésia não precisava do petróleo do Joanna V.