23/09/1966 -

Ataque à embaixada portuguesa em Kinshasa.

Apesar do apoio do Governo de Mobutu e da República do Congo/Zaire à FNLA, as relações diplomáticas com Portugal mantinham-se por conveniência mútua. O aumento da hostilidade contra Portugal deveu-se ao apoio que fora dado aos mercenários de Tchombé a partir de Lisboa e de Angola. Esse apoio motivou uma queixa do Congo na ONU e foi a causa do ataque, orquestrado por estudantes, com apoio das autoridades locais, à embaixada de Portugal em Kinshasa, com sequestro do embaixador.

A 21 de Setembro, o Congo apresentara uma queixa contra Portugal no Conselho de Segurança das Nações Unidas, com base em notícias de que Portugal preparava um ataque àquele país e que já tinha concentrado forças para esse efeito no Luso.

Portugal mantinha unilateralmente uma embaixada no Congo (nesta data chamado República do Zaire) para apoiar a comunidade portuguesa e para recolha de informações e o Governo congolês tolerava esta situação dado ser o caminho-de-ferro de Benguela uma das vias de escoamento das matérias-primas do seu interior. As relações entre a embaixada e o Governo congolês variavam de acordo com as necessidades de afirmação deste no plano interno e com as de escoar os seus produtos. O ataque de 23 de Setembro foi a mais grave manifestação de hostilidade do Governo congolês (zairense) e dele resultou a destruição do interior do edifício, que foi saqueado e incendiado. O pessoal diplomático foi preso ou expulso, entre ele o embaixador António Ressano Garcia, levado para local desconhecido de onde só foi libertado três dias depois. Após o corte de relações, os interesses de Portugal em Kinshasa passaram a ser representados pela Espanha.