28/06/1967 -
Despacho do ministro da Defesa Nacional acerca das designações a aplicar aos “prisioneiros”, a propósito do facto de a FNLA estar a designar os militares portugueses que tinha em seu poder como “prisioneiros de guerra”.
Segundo o ministro de Defesa Nacional as designações deveriam ser as seguintes:
“a. Terroristas caídos em poder das nossas Forças:
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Acção – Captura
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Situação – Sob prisão
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Designação individual – Preso
b. Militares portugueses em poder de elementos terroristas:
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Acção – Retenção
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Situação – Situação de retido
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Designação individual – Retido”.
O facto de o regime português não reconhecer que se travava uma guerra nas suas colónias e de não atribuir o estatuto de beligerantes aos movimentos de libertação
impedia que os militares portugueses tivessem a qualidade de prisioneiros de guerra, quando eram capturados. O mesmo se passava em relação aos guerrilheiros capturados, que normalmente eram entregues à PIDE/DGS.
Curiosamente, as determinações em vigor para o caso de um militar ser “retido” previam o seguinte:
“Quando interrogado, o militar português apenas deve fornecer os dados a que é obrigado pela Convenção de Genebra: nome completo, posto, número e data de nascimento”.
O primeiro militar português feito prisioneiro foi o primeiro sargento piloto António Lourenço de Sousa Lobato, cujo avião caiu na Guiné-Bissau e que foi considerado na situação de retido desde 22 de Maio de 1963.
Embora seja pouco conhecido o número de militares portugueses prisioneiros, é possível adiantar os seguintes números e locais de prisão:
Na Guiné-Conacri, até 1970:
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Oficiais (alferes) – 1;
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Sargentos – 2 (um sargento piloto da Força Aérea e um furriel miliciano do Exército);
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Cabos – 4;
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Soldados – 15;
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Total: 22.
Estes militares estiveram presos nos quartéis de Alfa Yaya e de Kindia, devendo-se-lhes acrescentar um outro que foi colocado em Argel. Um soldado prisioneiro morreu em Conacri, tendo a sua morte sido comunicada directamente à família por Carlos Correia, membro do Bureau Político do PAIGC, juntamente com uma fotografia do funeral. Ao todo, entre os que as Forças Armadas Portuguesas consideraram desertores e retidos, foram capturados e estiveram presos na Guiné cerca de 45 militares portugueses, dos quais três eram oficiais.
Na República Popular do Congo (Brazzaville):
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Sargentos – 1;
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Soldados – 2;
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Total – 3.
Na Tanzânia:
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Cabos – 1;
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Soldados – 3;
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Total – 4;
Na Zâmbia:
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Cabos – 1.