03/11/1967 -

Visita de Amílcar Cabral à Suécia a convite do Partido Social Democrata (no Governo).

Durante a sua permanência na Suécia, Amílcar Cabral foi recebido pelo ministro do Comércio e pelo conselheiro político do ministro dos Negócios Estrangeiros.

Foi anunciada a ajuda financeira do Governo sueco para escolas e assistência sanitária aos refugiados guineenses.

 

O apoio dos países escandinavos aos movimentos de libertação

Os países escandinavos começaram por apoiar os movimentos anti-apartheid desde os anos 50 e foram muito activos no apoio aos movimentos de libertação das colónias portuguesas e aos que lutavam contra os regimes da África do Sul, como o ANC e a SWAPO, e da Rodésia, como a ZAPU e a ZANU.

A oposição dos países escandinavos ao apartheid incentivou-se a partir do massacre de Sharpeville, que esteve na origem da atribuição do prémio Nobel da Paz ao chefe Lutuli em 1961.

Os movimentos nórdicos anti-apartheid passaram também a apoiar a luta dos movimentos de libertação das colónias portuguesas logo que a guerra começou em Angola, Guiné e Moçambique, e a Suécia assumiu o papel principal neste processo, com o seu Governo a apoiar vários movimentos.

O aspecto mais significativo da contribuição da Suécia foi a ajuda humanitária dada aos movimentos de libertação através do Instituto de Moçambique, da FRELIMO, para o PAIGC, o MPLA, a ZAPU e a SWAPO.

O Governo sueco, através da Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional (SIDA) desenvolveu também um programa de informação sobre a África e concedeu facilidades para a instalação do Comité Especial das Nações Unidas em Estocolmo.

No âmbito destas actividades de apoio era frequente a Suécia convidar líderes de movimentos de libertação. Oliver Tambo, do ANC, foi convidado do Partido Social Democrata em 1969 e Amílcar Cabral esteve ali por várias vezes, incluindo uma visita como convidado do Congresso do PSD. Mas os outros países nórdicos também apoiaram claramente os movimentos anti-apartheid e de libertação.

A Dinamarca estabeleceu um “Fundo para África” e estudantes dinamarqueses realizaram várias “Campanhas por África” subsidiadas pelo Governo, assim como a Noruega, onde o Norwegian South Africa Committee foi fundado em 1958, logo após o Swedish South Africa Committee. O Instituto de Moçambique, da FRELIMO, foi a organização mais beneficiada quer por dinamarqueses quer por noruegueses, embora os governos também tenham concedido fundos significativos às organizações das Nações Unidas para a educação e para os refugiados.

Na Finlândia o apoio centrou-se na actividade das organizações de estudantes que, através do Finnish South Africa Committee lançaram uma campanha designada “Operação Dia de Trabalho” que reuniu 100 000 dólares e o Governo finlandês contribuía regularmente para o fundo das Nações Unidas do programa de educação e treino dos africanos.

Os países nórdicos foram, de facto, os mais generosos e cooperantes dos países do Ocidente com os movimentos de libertação de África e contribuíram com mais de 60% dos apoios voluntários para os fundos das Nações Unidas. Foram também os maiores contribuintes para as agências não governamentais de assistência às vítimas do colonialismo e do apartheid. Deram apoio, directa ou indirectamente, a sindicatos e outras organizações que lutaram contra o apartheid e o colonialismo na África do Sul, na Rodésia, na Namíbia e nas colónias portuguesas.